19 de maio de 2010

Entrevista

Até pareçe que está a falar de um desporto qu eu conheço!
"Tomaz Morais no “país do não”
Por Vitorino Seixas

Tomaz Morais, o líder das selecções nacionais de rugby, que recentemente conseguiu o apuramento para o mundial, publicou o livro “Compromisso: Nunca Desistir”, em Outubro de 2006, onde traça um retrato duro de Portugal,o país onde é proibido vencer:

“Considero que é difícil liderar equipas em Portugal – um país que não cresce por culpa do individualismo, da inveja e do pensamento negativo de quem nos lidera.

O nosso principal “calcanhar de Aquiles” está relacionado com um problema de insatisfação permanente. Somos tradicionalmente insatisfeitos e isso torna-nos muito críticos de tudo e de todos. Revelamos um excesso de preocupação com o trabalho de quem está ao nosso lado e esquecemo-nos de concentrar esforços na construção do nosso próprio caminho.

Além disso, temos muitos problemas em lidar com os êxitos dos outros. Entendemos que o sucesso alheio é o nosso insucesso. Em vez de ficarmos orgulhosos por termos em Portugal pessoas que vencem e levam o nome do país bem alto, vivemos numa ânsia doentia de ver ofuscado esse êxito. A verdade é que perdemos muitas horas das nossas vidas a cobiçar o que o outro tem, mas raramente estamos dispostos a trabalhar mais um minuto para poder chegar ao patamar que gostaríamos. É duro dizê-lo, mas somos muito individualistas, até invejosos, e isso não nos tem permitido crescer.

Por outro lado, não sabemos, nem queremos trabalhar em equipa. Nunca ninguém nos ensinou a funcionar em grupo e, talvez por isso, vivemos concentrados no nosso umbigo. Em Portugal, as pessoas têm tendência para não ouvir os outros, vivemos centrados em nós próprios mas, paradoxalmente, não perdemos tempo a valorizar as nossas competências. Porquê? Porque somos pouco exigentes – vivemos no país do “quanto baste”.

Depois, a somar a tudo isso, pensamos negativo. Quem nos lidera pensa negativo, passa informações negativas, estamos sempre a debater os mesmos problemas para os quais nunca encontramos soluções. O “não” deve ser a palavra que mais ecoa do Minho ao Algarve: somos habituados desde pequenos a ouvir que as coisas são difíceis, que não conseguimos, que não temos, que não nos deixam, que não devemos fazer, que não podemos inovar, ou que não é possível sermos ambiciosos. Parece até que está inscrito no nosso código genético a expressão “Atenção, não podemos vencer”.”

in: http://blogdaformacao.wordpress.com

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