Estamos todos cada vez mais gordos. A conclusão é de um estudo divulgado no final de Novembro por investigadores norte-americanos: depois de analisarem dados sobre 20 mil animais, de gatos de estimação a ratos selvagens, macacos ou ratinhos de laboratório, os especialistas concluem que nos últimos 40 anos houve um aumento consistente no peso e nos casos de obesidade.
O recorde cabe aos chimpanzés, cujo peso aumentou por década, entre 1985 e 2005, 37,2% nas fêmeas e 33,2% nos machos. Os cientistas acreditam que o aumento generalizado de peso entre mamíferos, em ambientes tão distintos como as incubadoras dos laboratórios ou os esgotos suburbanos, reforça a tese de que existem mais factores ambientais por detrás da epidemia do século XXI do que se poderia pensar.
"Os nossos resultados revelam que há aumento de peso mesmo na ausência dos factores que tipicamente são considerados determinantes", escrevem os investigadores num artigo publicado na revista "Proceedings of the Royal Society B". Os dados referem-se a uma evolução crescente entre as décadas de 70 e os anos 2000. E entre os indicadores que merecem reflexão, os investigadores salientam o facto de animais como os saguis ou os chimpanzés não terem acesso a máquinas de vending na escola e não estarem a fazer mais ou menos exercício - duas explicações para o aumento do excesso de peso e da obesidade infantil, que em Portugal atinge 30% das crianças.
"Os nossos resultados revelam que há aumento de peso mesmo na ausência dos factores que tipicamente são considerados determinantes", escrevem os investigadores num artigo publicado na revista "Proceedings of the Royal Society B". Os dados referem-se a uma evolução crescente entre as décadas de 70 e os anos 2000. E entre os indicadores que merecem reflexão, os investigadores salientam o facto de animais como os saguis ou os chimpanzés não terem acesso a máquinas de vending na escola e não estarem a fazer mais ou menos exercício - duas explicações para o aumento do excesso de peso e da obesidade infantil, que em Portugal atinge 30% das crianças.
O próximo passo desta investigação, explica o autor do estudo Yann Klimentidis, da Universidade do Alabama, será identificar novos factores externos. Algumas explicações poderiam surgir como naturais: os ratos de rua podem estar a alimentar-se de lixo cada vez mais calórico e os animais domésticos podem estar a sofrer danos colaterais dos hábitos alimentares dos donos. Mas os investigadores acreditam que o padrão é robusto o suficiente para procurar novas causas. Uma delas, relativa ao efeito da poluição, ganhou força esta semana. Uma investigação da Universidade de Ohio revelou que a exposição prolongada a ar poluído (como o das grandes cidades) leva ao aumento da gordura abdominal e da resistência a insulina em ratinhos, algo que poderá explicar o aumento da diabetes e da obesidade nas populações urbanas. Cristina Padez, professora de Antropologia e especialista em obesidade da Universidade de Coimbra, destaca três pistas relativamente novas: "Havia alguma investigação anterior que mostrava que vários poluentes do ar, da água e do solo, a que os investigadores chamam disruptores endócrinos, interferiam na produção de algumas hormonas", explica. "Alguns químicos têm uma estrutura muito semelhante à de hormonas e o organismo confunde-os, o que acelera o metabolismo."
Além da obesidade, outro sinal desta reacção é a puberdade precoce em áreas muito poluídas, adianta. Infecções virais que podem estar na origem da obesidade - onde se destaca o adenovirus-36 -, são outra explicação com interesse para os cientistas, aponta Cristina Padez. Tal como as alterações epigenéticas ocorridas nos últimos anos. "Ainda não é uma área clara, mas tudo nos leva a crer que estas alterações no genoma, que não são hereditárias mas sim provocadas pela exposição ambiental, poderão estar a contribuir para uma série de doenças, incluindo a obesidade." Diz a especialista, que é impossível perceber quais os factores preponderantes. "Aquilo que tradicionalmente designamos como origem da obesidade é um desequilíbrio entre o consumo de energia e o dispêndio de energia. Continuo a achar que estes factores serão os mais importantes, mas de facto temos de alargar o leque."
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